Uma das maiores confusões relacionadas com a Astrologia Ocidental – e sua reputação académica ou “científica” – prende-se com o facto de esta usar dois Zodíacos distintos (o Sideral, associado às Constelações, e o Tropical, aos equinócios e solstícios) mas com os mesmos nomes.

 

Na raiz deste mal entendido está o facto de, há cerca de 2000 anos, quando se desenvolveu a Astrologia Helenística estes dois conceitos coincidiam no espaço. Ou seja, por exemplo, no fim de Março realmente o Sol apontava para a Constelação de Carneiro – algo que já não acontece hoje em dia, uma vez que aponta para Constelação de Peixes

Este desfasamento é causado por um 3º movimento da Terra (além da Translação e Rotação) que é o da oscilação cónica em torno do seu eixo, ao longo de 26 000 anos. Por causa desse movimento, chamado Precessão dos Equinócios, a cada 2150 anos na zona do Sol, no equinócio da Primavera, começa a surgir a Constelação precedente (daí dizer-se “Precessão”).

Este movimento é igualmente responsável pela teoria das Eras Astrológicas e, por isso se diz que nos últimos 2 000 anos vivemos a Era de Peixes (uma vez que o Equinócio apontava para Peixes e a pouco e pouco, começa a apontar para a de Aquário).

Por outro lado, se repararmos, o Zodíaco Sideral (o das Constelações) é constituído por Constelações com tamanhos desiguais tendo, por exemplo, a de Virgem quase 45 graus e a de Balança cerca de 20 graus. Como se arranja um consenso para dividir este Zodíaco em fatias iguais?

Do ponto de vista de simetria, geometria e matemática sagrada – o Zodíaco tropical (o das Estações, equinócios e solstícios) é mais linear, funcional e adequado ao que se passa, em termos de ciclo de luz e natureza, em especial no hemisfério Norte que é energeticamente dominante no planeta.

E, na realidade, os dois Zodíacos obedecem a uma ressonância com os Arquétipos maiores que são os números Sagrados numa escala duodecimal, ou seja, de base 12.
Logo, a 1ª Constelação do Zodíaco Sideral terá ressonância com o Número 1, tal como o 1º Signo do Zodíaco Natural. E é essa a sua semelhança.

O que, na verdade, mais caracteriza, por exemplo, o Signo Carneiro – não é ser um animal peludo (e relativamente tranquilo, comparado com as feras que as pessoas desta energia normalmente são) mas o facto de ser simbolicamente constituído pelo Elemento Fogo, modo Cardinal (início de Estação). Por conseguinte, explosivo e impulsivo.

A semelhança entre os dois Zodíacos relaciona-se com o facto de terem a mesma estrutura arquetípica e, portanto, de certa forma energética, para além de terem nascido na mesma época, enquanto conceitos e espacialmente coincidentes.

É em Astrologia Mundial, que estuda ciclos mais longos, que articular claramente os dois Zodíacos se torna mais importante. Por exemplo, a Lisboa portuguesa – conquistada por D. Afonso Henriques – nasceu com o Sol em Escorpião, mas apontando para a Constelação de Balança.

Logo, não é completamente errado dizer que Lisboa é Balança (Sideral) ou Escorpião (Natural). Na prática, é uma cidade construída sobre uma falha sísmica, em frente ao mar, tendo passado por um maremoto (tudo atributos de Escorpião) e, ao mesmo tempo, com a graça e charme culturais de Balança, e com pessoas pacíficas (e pouco confrontativas).

O seu símbolo, aliás, que é o da Barca de São Vicente, assemelha-se muito a uma Balança negra, sendo uma perfeita ilustração do seu mapa de nascimento.

Na prática, os Sagitarianos que nascerão daqui a 5000 anos não são exatamente iguais aos que nascem hoje, por estarem envolvidos numa civilização, era e cultura diferentes, e é essa diferença civilizacional é representada, em Astrologia, por esta sobreposição entre os dois Zodíacos.

Pela mesma razão, os nativos de Virgem atuais terão tendência a ser um pouco mais protagonistas e líderes, na civilização atual, do que aqueles que nasceram na mesma época do ano, mas há 3000 anos. Numa altura com pouca tecnologia e muita escravatura. Em termos mais concretos, podemos dizer que não havia tantas condições – porque não havia tanta ciência – para os nativos de Virgem sobressaírem tanto quanto hoje, numa época de computadores e números.

Resumindo: não é simples, explicar. E, por isso, o astrólogo João Medeiros sugeriu batizarem-se os Signos do Zodíaco Natural como metáforas complementares, ligadas à Natureza, para efeitos mais didáticos e pedagógicos.

Lisboa, 3 de Outubro de 2023

João Medeiros

 

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