Qual o sentido para a enorme turbulência que o mundo ocidental atravessa ? Como está relacionada a conjuntura financeira atual com eventos como a eleição do Papa Francisco, a morte de Hugo Chavez, a crise da monarquia espanhola, a situação portuguesa e as revoltas populares? Quais as atitudes a tomar perante o paradigma da nova Era, à luz da Astrologia?

(Este artigo foi publicado pela primeira vez na edição especial do Jornal Astrológico 4 Estações, de Dezembro de 2012- e é aqui reproduzido na íntegra)

Poderemos associar a chamada “crise” global ao ingresso da grande estrela Régulus em Virgem, o maior acontecimento astrológico dos últimos milénios. Seja bem-vindo à nova Era.

Como profissionais, estudantes ou curiosos da nobre arte da Astrologia sabemos que existem dois zodíacos distintos: o Tropical e o Sideral.

 Da mesma forma que temos o início dos 4 signos cardinais no Zodíaco Tropical que marcam a mudança de estação, nos solstícios e equinócios, desde os tempos antigos, os astrólogos referiam-se também a 4 grandes estrelas localizadas em cruz nos céus, no Zodíaco Sideral.

 Essas estrelas eram designadas como as Estrelas Reais da Pérsia, os Quatro Cavaleiros do Apocalipse ou Arcanjos da Criação. São: Antares, o Coração do Escorpião; Aldebaran, o Olho do Touro; Fomalhaut, a Boca do Peixe; e Regulus, o Coração do Leão.

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Sempre que estas estrelas cruzam o eixo dos equinócios ou solstícios ou formam ângulos especiais com os mesmos – algo que pode acontecer em ciclos de cerca de 2150 anos – podemos dizer que começa uma nova grande etapa astrológica.

Terá sido com base neste conhecimento que os Maias estabeleciam os seus ciclos de mudanças do mundo. Por exemplo, a 4ª Era Maia começou em 3114 a.C. quando Antares e Aldebaran cruzavam o eixo dos Equinócios. É desta época que datam os primeiros registos históricos escritos e o início da chamada civilização moderna, na região do Crescente Fértil.

Estaremos então a viver o início de um novo ciclo? Quais os indicadores, nesse sentido? Quais as grandes aprendizagens?

Por um lado, não podemos dizer objetivamente que esta transição seja o Apocalipse, ou melhor dizendo, o fim da nossa civilização. Isso acontecerá provavelmente quando o eixo de Aldebaran-Antares cruzar o eixo dos solstícios, seguido da passagem de Regulus-Fomalhaut pelo eixo dos equinócios, em 4160 d.C..

Por outro lado, podemos assegurar sem sombra de qualquer dúvida que SIM: vivemos uma mudança de Era milenar para a nossa civilização uma vez que Regulus mudou de setor zodiacal precisamente entre 2011 e 2012, formando um ângulo significativo (150 º) com o ponto vernal do equinócio da Primavera.

O que equivale a dizer que ingressou no signo tropical de Virgem, dando o mote para uma nova etapa global de cerca de 2150 anos.

A grande transição de Era (1 grau do Zodíaco, no final de um signo e no início de outro) ocorre entre 1939/40 e 2083/84. O período mais intenso verifica-se sensivelmente entre 1998 e 2026 e o maior foco de alteração verifica-se exatamente nos anos 2011 e 2012, data a partir da qual a energia da nova Era se sobrepõe à da antiga.  

Regulus é considerada a principal estrela real porque é a mais brilhante e mais próxima da eclíptica, a linha de passagem do Sol nos céus. É como se fosse simbolicamente o Sol das constelações zodiacais. Rege os sistemas de poder, os “reis”, a autoridade unânime e o Ego coletivo.

Regulus

Ao ingressar no sexto setor tropical está implícito um processo coletivo de mudança de Ego e consciência para valores de humildade, trabalho e pureza ambiental (Virgem), em detrimento de valores de vaidade, ostentação e egoísmo (Leão).

Como Régulus governa os povos do Norte, esta transição e “crise” de valores será sentida predominantemente no hemisfério norte do planeta.

Para muitos, este processo poderá ser sentido como uma queda civilizacional, em termos de conforto material e do Ego. Para outros, será como um despertar espiritual coletivo, para atitudes de respeito pelo próximo e verdadeira consciência de si. A proposta é de uma Iniciação ao trabalho interior, que implica purificação pessoal e auto-exigência.

Durante esta grande transição e ao longo dos próximos séculos é natural que se desenvolvam os seguintes fenómenos:

1 – REVOLTAS E DEMOCRACIAS

2 – MENOS “EMPREGO” E MAIS TRABALHO

3 – RELACIONAMENTOS SEM EGO

4 – ENERGIA FEMININA E MATRIARCADO

5 – OS ÍNDIOS VENCEM OS COWBOYS

6 – A ERA DE AQUÁRIO

Vejamos, com mais detalhe.

1 – REVOLTAS E DEMOCRACIA

Na prática, os governantes terão que servir mais o povo e merecer (Virgem) a sua coroa (Regulus). Por conseguinte, é lógico que tenhamos assistido nos últimos dois anos a muitos tumultos e ao fim de regimes totalitários, particularmente no Norte de África e Médio Oriente, naquela que já é conhecida como a Primavera Árabe. Várias tiranias de décadas sucumbiram em poucos meses.

Mas igualmente em países europeus, o povo (ou “formigas” de Virgem) tem manifestado cada vez mais o seu desagrado perante políticas de monopólio financeiro e controlo de poder, levados a cabo por grupos económicos mundiais que dominam os governos nacionais. Será também o caso de Portugal, que viveu recentemente as maiores manifestações populares do seu regime democrático, organizadas espontaneamente pela sociedade civil.

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Grosso modo, poderemos chamar a fase de Regulus em Leão (cerca de 150 a.C a 2012 d.C.) como a Era das monarquias, do luxo e da consagração de imperadores enquanto a fase de Regulus em Virgem (2012 – 4160) será a Era das democracias, do serviço público e da ascensão do proletariado.

2 – MENOS EMPREGO, MAIS TRABALHO

Se na fase de Regulus em Leão foi promovido um estilo de vida sem grandes limitações materiais, que se traduziu em políticas generosas em termos de obras públicas e monumentos, bem como a manutenção de famílias e Estados com grandes riquezas – como o próprio Vaticano – é normal que todos aqueles que agora usufruam de regalias (privadas ou públicas) sem para elas trabalharem, tenham que mudar de atitude.

Isto quer dizer que a mudança afeta ricos e pobres. Tanto os “pobres” que recebem salários (ou subsídios) muito além da sua produtividade e os ricos que recebem fortunas sem o devido merecimento.

Ou seja, é natural que haja cada vez menos emprego no sentido do “poleiro estável, à sombra da bananeira” (Leão) e cada vez mais trabalho intensivo e eficaz (Virgem) não necessariamente bem pago e, por vezes até, gratuito, como serviço público. Tanto ricos como pobres terão que estar dispostos a sujar as mãos e a tornar o seu estilo de vida mais ecológico, eficiente e socialmente útil.

Vir de famílias ricas, ter um título académico ou um nome sonante serão cada vez menos predicados para o sucesso, em comparação com o sentido do esforço e verdadeiro serviço.

3 – RELACIONAMENTOS SEM “EGO”

Na esfera privada e individual, cada pessoa será desafiada a constantes exames de consciência: onde se sente Rei / Rainha? Onde tem o seu ego instalado? Será num relacionamento? Na família? Num negócio?

Nenhum poder pessoal – afetivo, financeiro ou profissional – tenderá a ser exercido de forma monopolista. O que quer dizer que as pessoas serão naturalmente desafiadas a serem menos narcísicas nas relações, menos possessivas, mas sobretudo mais dedicadas e atentas ao outro.

Também no exercício dos negócios e trabalho, será inevitável cultivarem um espírito de cooperação, irmandade e ajuda, em detrimento de hierarquias muito rígidas, posições de controlo do mercado ou de cargos vitalícios.

4 – ENERGIA FEMININA E MATRIARCADO

Uma vez que Virgem é um signo feminino, representado por uma mulher, é de esperar que durante os próximos séculos o poder político comece a ser exercido por mais mulheres e que estas assumam mais capacidade de afirmação nos seus relacionamentos, em vez de posições submissas ou de dependência.

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Neste sentido, as culturas árabes serão francamente desafiadas no novo ciclo a transformarem radicalmente o seu perfil de relacionamentos em que, tradicionalmente, a mulher se esconde com uma “burka” e é dominada pelo homem.

Se o Leão representa o Homem-Rei, Virgem representa a Dama-Rainha, cada vez mais a querer assumir todos os seus direitos, tanto no trabalho, como na família e na sexualidade.

5 – OS ÍNDIOS VENCEM OS “COWBOYS”

A estrela Régulus era considerada a guardiã do Norte e, segundo a Astrologia tradicional, teria uma natureza de Júpiter e Marte (ambos regentes do Norte e Oeste). Por sua vez, o Elemento Fogo também está associado aos povos brancos e aos quadrantes Norte e Oeste do globo (Europa e América do Norte).

O que quer dizer que estas regiões e respetivos povos, devido à passagem de Régulus num setor tropical da sua própria natureza (Leão-Fogo) teriam tendência a dominar o planeta nos últimos dois milénios, em grande expansão, desde os romanos.

Gradualmente, será natural uma expansão de poder dos povos associados ao ElementoTerra – os “índios”, árabes e mestiços (Norte de África, Índia, Austrália, Sul da Ásia, parte da América Central e toda a América do Sul, particularmente, o Brasil) – ou a expressão mais forte da sua cultura nos países tipicamente mais “brancos”.

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Em termos práticos, será então previsível que a civilização ocidental se aproxime mais dos princípios de ligação à natureza das culturas índias e que adote muitas práticas da cultura hindu, como o yoga.

6 – A ERA DE AQUÁRIO

Uma vez que Régulus é a mais importante estrela real, poderemos também dividir a partir da sua posição no céu o Zodíaco Sideral em 12 faixas de 30 graus correspondentes a 12 eras de aproximadamente 2150 anos – as chamadas Eras astrológicas.

O astrólogo Dane Rudhyar considerava que o início da Era de Aquário se daria com o ingresso de Régulus em Virgem. Nesse sentido, a fase de Régulus em Leão (150 a.C – 2012) correspondeu à Era astrológica de Peixes (no eixo dos equinócios), marcada pelo desenvolvimento do império romano, do cristianismo, da fé e da globalização.

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A nova fase de Régulus em Virgem (2012-4160) corresponderá por isso à Era astrológica de Aquário marcada, como se pode constatar, pela expansão da internet, ciência, telecomunicações, engenharia espacial e redes sociais. Foram estas últimas, aliás, que serviram de plataforma de comunicação para as revoltas populares recentes.

No novo paradigma dos computadores pessoais (Virgem) cada ser humano acede a um manancial de poderes (Régulus) que lhe permite exercer a sua individualidade em expressão no mundo e em cooperação com os iguais (Aquário).

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Em geral, a entrada de Régulus em Virgem irá trazer também a proposta do desenvolvimento da ciência e do conhecimento (energias de Aquário e Virgem), desvendando os mistérios da humanidade e desfazendo mitos e preconceitos religiosos (trazidos da Era de Peixes), simultaneamente, aproximando o Homem da sua divindade, individualidade e espiritualidade.

Portanto, desejo-lhe uma boa viagem e uma abençoada Iniciação nos novos tempos mundiais, com Inteligência e Amor! Tempos de Régulus em Virgem: o Rei Humilde.

 Abraço

João Medeiros,

Lisboa, 21 Dezembro 2012

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por João Medeiros

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